quarta-feira, outubro 12, 2016

Crianças : Tempo de qualidade ou quantidade ?

Se calhar vou incomodar ou ir contra o pensamento da maioria das pessoas , mas vou dar a minha opinião e a minha experiência pessoal .

No meu caso posso dizer-vos que acho mais importante o tempo em quantidade - não,  não me enganei a escrever !
Há quem defenda o tempo dedicado às crianças em qualidade e até já li alguns artigos em que defendiam que bastava 15 a 20 minutos por dia dedicados exclusivamente à criança para eles ficarem contentes e se sentirem felizes com os pais . 
 Eu própria já me questionei muito sobre isso em tempos atrás , hoje não . 

Hoje acredito que passar mais tempo com a criança , mesmo sem estar sempre a brincar com ela , mesmo sem estar sempre a fazer alguma atividade com ela é mais benéfico do que lhes dedicar aqueles minutos diários em exclusivo . Não sei se me fiz entender , mas muitas vezes só o fato de as nossas crianças saberem que nós estamos ali , que nós os observamos mas os deixamos livres de escolhas lhes dá uma certa autonomia .

Via isso quando o Rodrigo era mais pequeno e eu estava constantemente focada e preocupada em ter alguma coisa para ele fazer , para ele ter memórias de que a mãe brincava muito com ele e fazia experiências giras e interessantes . Ele próprio quando acabava a experiência , perguntava logo : 
- E a seguir  o que vamos fazer , mãe ?
Parecia que ele nunca sabia brincar por ele , que estava sempre à minha espera para se divertir , que sem mim ele ficava perdido . 

Por isso acredito que eles não precisam de estar sempre a fazer experiências novas ou brincadeiras diferentes para se sentirem "entretidos" com os pais . 


Eu por exemplo , tenho imensas recordações da minha Avó e ela nunca se sentava a brincar às bonecas comigo , ou a ajudar-me a fazer os meus cozinhados em loiças de plástico . O que ela sempre me fez foi dar "ferramentas" para o meu desenvolvimento motor . Ela dava-me pequenos retalhos e agulhas quando ela própria queria coser para eu "me entreter" junto dela  , ela dava-me folhas de couve roídas pelos caracois para eu cortar e brincar quando ela própria queria fazer a sopa . Então , ela acabava sempre por interagir comigo e eu com ela sem serem precisos brinquedos ou grandes atividades . Ela contava-me muitas histórias sim - e eu adorava as histórias dela - , mas sempre enquanto fazíamos alguma coisa e nessas alturas conversava-mos sempre . E eu acho que isso é muito importante .

É  claro que também é importante tirar uns minutinhos do nosso dia para lhes ler uma história - no caso dos meus , hoje em dia fazemos ao contrário , são eles que nos lêem a história , ou para montar um puzzle, ou um jogo  , etc . Mas acho que conseguimos ter uma relação com mais cumplicidade se eles souberem que estamos presentes no dia deles  . 

E vocês o que acham ? Que as nossas crianças precisam de tempo de qualidade ou em quantidade ?

Beijos, Carla 






9 comentários:

Meadas Soltas disse...

Olá Carla, quando os meus filhos nasceram eu trabalhava muitas horas, num emprego muito exigente, não acompanhei algumas fases importantes, e isso deixou-me muito triste, confortava-me essa frase do tempo de qualidade em vez do tempo em quantidade. Quando fiquei em casa e acompanhei a educação deles o tempo passou a ser em quantidade ... e eu deixei de estar preocupada com a qualidade, as vezes brincamos, outras não ... é tempo partilhado, não sinto necessidade de seguir "manuais" e deixei de ligar ao que os especialistas dizem, fazemos o que nos faz sentir bem na altura, se isso tem qualidade ou não, não sei. É importante haver expontâneadade e não tentar comandar e organizar e planear tudo para que as crianças sejam muito boas crianças :)
bjs

fazbemaosolhos disse...

Olá Carla! Subscrevo em pleno as tuas palavras e as da Arte da Velha. A minha opinião é que os "manuais" não passam de teorias, na prática a vida rola de outra forma. Sou mãe de três filhos, todos muito felizes :) e nunca lhes impus as brincadeiras pensadas e teorizadas. Obviamente que nos inspiramos, como pais, numa ou noutra ideia que queremos também experimentar com os nossos filhos, porque achamos interessante, porque achamos que eles vão gostar ou simplesmente porque nos identificamos. Mas não tenho qualquer tipo de dúvida que quanto mais tempo passarmos com os filhos, melhor! E sim, não temos que andar sempre stressados a pensar "no que é que podemos fazer com eles em apenas vinte minutos que tenho disponíveis por dia...", sinceramente, não resulta, acho. E depois tb eles têm a necessidade de ter o seu espaço, de descobrirem por si e adquirirem a sua autonomia, que considero ser uma das maiores virtudes do ser humano. Devemos sim estimulá-los, ajudá-los a abrir portas, a criar gostos, apoiá-los nas suas rotinas, mas depois o caminho tem de ser feito por eles, só assim se sentem a crescer. Quantas e quantas vezes estamos todos em casa, cada um na sua vida, e de vez em quando cruzamo-nos e dedicamos um bocadinho de tempo uns aos outros, porque simplesmente apetece, e não porque "temos de o fazer", e às vezes não apetece estarmos a interagir, o que é normal (!) mas só de sabermos que estamos todos por ali, sabe tão bem! beijinhos Carla, e gostei muito deste post, é tão bom encontrarmos quem pensa como nós ;)

uma ideia reciclada disse...

Concordo plenamente.
Quantidade, eles precisam de olhar para nós e saber que estamos lá para eles.

nat. disse...

Bem! Esta blogosfera hoje está a mexer em assuntos que me são muito caros!
Acho que também vou escrever umas palavras no meu blog sobre este tema e sobre alimentação que são os que hoje estão a fervilhar... mas mais logo, que agora a pausa é curta!

Quanto ao tempo, acho que a quantidade é muito importante.. De uma forma, ou de outra é a quantidade que faz com que nos observem mais, que percebam o que fazemos, como somos... Não é com 20 minutos contados dedicados a eles com uma atividade pré planeada que isso acontece...

Depois há o fator tempo... Durante a semana o meu tempo é insuficiente, não planeio tempo/atividades com eles...

Há dias que estão "impossiveis" e só querem estar sossegados, há dias em que querem fazer alguma atividade sozinhos, há dias que querem companhia, há os dias que querem ajudar e fazer tudo o que fazemos...

Durante o fim de semana há mais tempo, vamos para a horta e eles entretêm-se por lá, ou a fazer coisas que gostam, ou a tentar fazer o que fazemos, ou pedem para brincarmos com eles a alguma coisa especifica...

Acho que cada familia deve encontrar a sua dinamica, o que funciona para si... Sou apologista da liberdade de escolha e de os deixar crescer experimentando e tentando deixa.los escolher por eles, sem grandes imposições... com bom senso... deixando esfolar joelhos, cair do baloiço, ensinando a levantar...

Beijinhos!

Catarina H. disse...

Olá Carla :)
Eu não tenho filhos, pelo menos para já, mas tenho sempre algum contacto com crianças e adolescentes.
E concordo muito com aquilo que escreveste.
Eu ainda me lembro bem dos tempos em que era criança e das memórias que criei com pais, avós e outros adultos que me rodeavam. E sinceramente digo que não trocaria o tempo todo que tinha com eles, tempo esse em que eles andavam na vida deles e eu só andava a cirandar à volta deles, por apenas 15 a 20 minutos de contacto, por muito directo que seja.
Para mim, um pai/mãe é um protector, um guia, tem que estar sempre presente, se não fisicamente, pelo menos emocionalmente.
Por isso, acho que essa história dos 15/20 minutos diários de qualidade são só uma justificação para aqueles pais não presentes, para aquelas crianças que têm milhentas actividades extra-curriculares e que nunca estão com os pais. Eu conheço casos desses e raramente dão bons resultados.
Isso para mim não dá, por isso concordo tanto com o que dizes e todos os pais deviam pensar assim também.
Parabéns por ires contra a maré e essa "moda" sem sentido, e por fazeres o que o teu coração de mãe te diz. As tuas crianças serão mais felizes assim, tenho a certeza!
Beijinhos

PINTA ROXA disse...

Tens razão no que dizes. Podem ser só pequenos momentos, mas se forem de qualidade ficaram registados na nossa/deles memória.Tal como o tempo passado a cortar folhas de couve ratadas pelos caracóis te ficou gravado na memória. Também cada um, cada familia cada criança é diferente e o que é bom para as minhas crianças poderá não ser para as tuas.
Ser e fazer só porque outros o fazem não é correcto.
Bom fim de semana
Pinta

Isa Sá disse...

Mais vale tempo de qualidade..

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Maria do Mundo disse...

Pois eu não opino. Estou todo o tempo que posso...sendo certo que elas são a minha prioridade!

Os olhares da Gracinha! disse...

Amiga fui criada por uns pais bem presentes em minha vida e participei o máximo de tempo possível com os meus filhos...por isso digo que...como mãe e filha cumpri minha missão!!!
Por isso...se os nossos filhos são nossa prioridade...excelente!!!bj